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Antes de abordar a ansiedade ou qualquer forma de sofrimento, é fundamental ressaltar que este texto não tem a intenção de categorizar ou diagnosticar experiências específicas.

O propósito é fornecer informações e reflexões sobre o tema. O sofrimento sempre é uma uma composição única na vida de cada pessoa, apesar de manifestações compartilhadas. Portanto, trato essa experiência de maneira genérica.

A ansiedade, frequentemente associada a uma reação de desconforto diante do desconhecido, é um fenômeno com papel importante nas nossas vidas.

Para além de uma condição limitante, associada a um sentimento negativo, a ansiedade desempenha um papel saudável em diversas situações. Vale olhar para esse lado da ansiedade, porque ele ajuda a compreender em maior profundidade quando ela se torna um sofrimento.

Em sua forma mais básica, a ansiedade é uma resposta que nos prepara para enfrentar desafios e ameaças. Esse sentimento, muitas vezes acompanhado por sintomas físicos (respiração acelerada, suor, batimentos cardíacos acelerados, “frio na barriga”) é uma manifestação de autocuidado espontânea.

Em situações de perigo, a ansiedade atua como um alerta, capacitando-nos a reagir rapidamente e tomar decisões para proteger nossa integridade emocional e física.

Além disso, a ansiedade está intrinsecamente ligada ao processo de aprendizado e crescimento. Quando enfrentamos novas experiências, a ansiedade pode agir como um impulso motivacional, impulsionando-nos a superar obstáculos e buscar soluções para desafios desconhecidos.

Nesse contexto, a ansiedade é um catalisador para o desenvolvimento pessoal, estimulando a ampliação de nossos limites.

Entretanto, existe uma delicada fronteira entre uma ansiedade funcional e um transtorno de ansiedade, capaz de produzir sofrimento profundo. Quando a ansiedade se torna “indiscriminada”, excessiva e persistente, ela pode se desdobrar em um problema de saúde mental que necessita de cuidado e atenção profissional.

Os transtornos de ansiedade, tais como o transtorno de ansiedade generalizada e a síndrome do pânico, representam expressões de sofrimento mais agudas e cronificadas e, portanto, disfuncionais.

Transtornos de ansiedade e crise de pânico

Transtornos de ansiedade e crise de pânico:

Diferentemente da experiência de uma ansiedade positiva, a ansiedade como sofrimento crônico, evidenciada na crise de pânico como sua manifestação mais aguda, é uma experiência existencial avassaladora, provocando desorganização, sensação de ameaça e um profundo desamparo.

Na crise de pânico, em um instante, a sensação de segurança cotidiana é abruptamente substituída por uma tempestade de sensações angustiantes.

O corpo torna-se um campo de batalha, onde palpitações cardíacas, sudorese gélida, pensamentos ameaçadores e uma sensação sufocante convergem, produzindo um terror sentido como intransponível.

A mente, outrora segura em sua compreensão do mundo, é envolvida por uma névoa de confusão e medo. Os pensamentos negativos emergem junto a uma forte sensação de que algo terrível está iminente.

Na crise de pânico, a pessoa se vê perdida em um tumulto emocional, lutando para encontrar um solo firme em meio a um desamparo.

Já a ansiedade generalizada pode ser percebida como uma sombra persistente que se estende sobre diversas situações, trazendo um medo constante que necessita ser acalmado.

Nesse cenário, é comum que as relações com o mundo, com as outras pessoas e consigo mesma se tornem bastante desafiadoras, pois a tentativa de cuidar desse medo se sobrepõe a outros sentimentos e comportamentos.

Nesses casos, a ansiedade deixa de ser um medo que impulsiona a construção de novos recursos emocionais e amplia limites de atuação na vida. Pelo contrário, é uma experiência limitante, diminuindo as possibilidades de escolha em situações diversas.

Na psicoterapia, tratar a ansiedade, seja em sua forma saudável ou problemática, não é apenas aliviar os sintomas prejudiciais, mas também promover uma compreensão e transformação mais profunda dos padrões e dinâmicas que fazem parte dela.

A ansiedade, assim como todos os sentimentos que fazem parte da vida, tem uma história. Conhecer essa história, reconhecer sua função e distinguir entre a ansiedade funcional e os transtornos de ansiedade pode promover um cuidado mais consistente na lida com esses sentimentos.

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